- Onde quiseres. O que te apetece? - responde a minha namorada.
- Escolhe tu este ano.
- Oh, para mim é qualquer coisa, diz lá tu o que te apetece.
- Vamos ao Indiano? - arrisco eu.
- Isso não me apetece muito, por acaso.
- ... então diz o que queres, por mim é igual.
- Oh, tanto faz, menos Indiano.
- Hum... e irmos àquele afrodisíaco que fomos há uns anos?
- Deve estar cheio e da última vez a comida não estava grande coisa.
- Italiano?
- Ainda ontem comi pizza.
- Sushi?
- Apetecia-me antes carne.
- Rodízio brasileiro?
- Isso depois ficamos muito cheios.
- Chinês?
- Oh, isso não é romântico.
- Aquele do Bairro Alto que falámos da outra vez?
- Não me apetece ir para o meio da confusão.
- E experimentar o do Avilez?
- Isso é muito caro.
- Ao Mexicano ao pé do rio?
- Esse mais vale no verão para estarmos na esplanada.
- Ao mesmo do ano passado?
- Esse não, temos que quebrar a rotina!
- ... epá, então diz-me onde queres ir!
- Já te disse que tanto faz, escolhe tu.
- Hoje podíamos ir jantar àquele restaurante na Baixa que fomos uma vez. - diz ela.
- Qual? - pergunto eu.
- Aquele que tinha toalhas de mesa aos quadrados.
- Bué específico... Não estou a ver. Que comida era?
- Normal.
- Normal? Então para que vamos lá outra vez se não era bom?
- Normal, tipo comida portuguesa.
- Estou a ver, como 90% dos restaurantes que vamos.
- Aquele que a empregada tinha umas unhas de gel horríveis.
- Pois, não reparo nas empregadas... vais ter que ser mais específica!
- Aquele que até comemos uma sobremesa boa.
- Que sobremesa?
- Bolo de bolacha acho eu. Ai não, se calhar era cheesecake ou mousse de chocolate, agora já não sei.
- Estou muito mais elucidado...
- Oh, aquele que depois até fomos aquele bar.
- Lá vamos nós outra vez... qual bar?
- Aquele bar que a empregada tinha um decote à porca com umas grandes mamas!
- O "Park", aquele do terraço no Bairro Alto?
- Para quem não repara nas empregadas, agora soubeste logo qual era!
- Foi coincidência...
Acabamos por jantar em casa."